Judeus no mundo

MÉXICO


Quando Hernán Cortes conquistou Tenochtitlan, capital do o Império Asteca, em 1521, ele estava acompanhado de vários cristãos-novos, judeus que se converteram ao cristianismo após o Édito de Expulsão de 1492. Os convertidos imigraram em massa para a Nova Espanha (México dos dias de hoje), buscando fugir da Inquisição. Algumas pessoas estimam que, na metade do século XVI, a população da Cidade do México era composta por mais marranos que espanhóis católicos.

 

A partir de 1528, começou-se a queimar na fogueira os acusados de práticas judaicas e, em 1571, estabeleceu-se um escritório da Inquisição no México. No entanto, a Inquisição era muito menos dura na América do Sul do que na Europa.

 

Até o fim do período colonial (em 1821, a independência do México foi reconhecida pela Espanha, após 11 anos de guerra). Cerca de 1500 cristãos-novos foram considerados culpados de “judaizar”.

 

A maioria dos marranos se assimilou e suas famílias tornaram-se devotas praticantes do catolicismo, apesar de acenderem velas às sextas, separarem carne de leite e não abrirem seus negócios aos sábados. Os cristãos-novos casavam apenas entre si e consideravam-se superiores em relação a seus vizinhos cristãos. Consideravam-se descendentes da nobreza espanhola.

 

Quase todos os judeus que vivem no México hoje vieram para o país entre o fim do século XIX e o início da Segunda Guerra Mundial, fugindo da perseguição na Europa. Os poucos judeus que se mudaram para lá no início do século eram alemães. O Imperador Maximiliano, que reinou de 1864 a 1867, durante a ocupação francesa, convidou judeus da Bélgica, França, Áustria e Alsácia.

 

Em 1867 o ex-presidente Benito Juarez (seu mandato havia sido interrompido pelos franceses, pois ele decidira deixar de pagar os juros da dívida externa) voltou ao poder e executou Maximiliano. Ele era um liberal e promoveu diversas reformas com este cunho, como confiscar as terras da Igreja e secularizar o estado. Após isto se sucederam três grandes ondas de imigrações.

 

A primeira, vinda da Rússia, foi incentivada pela morte do Czar, em 1882. O ritmo acelerou quando o presidente, Porfírio Diaz, que declarava publicamente ser descendente de judeus convertidos ao cristianismo, convidou uma dúzia de banqueiros judeus a se assentarem no México e ajudar a estabelecer a economia do país. A primeira kehilá foi construída em 1885.

 

O Fundo Barão de Hirsch e a ICA planejaram, em 1891 a construção de assentamentos agrícolas judaicos em larga escala, como os kibbutzim que estavam sendo construídos em Israel. Estes planos nunca saíram do papel, no entanto.

 

A segunda onda de imigração foi resultado do colapso do Império Turco-Otomano, pouco antes da Primeira Guerra Mundial. Este colapso acabou com uma era de bem-estar e tolerância. O pico deste processo deu-se entre 1911 e 1913. Estes judeus eram sefaradim e falavam o Ladino, o que facilitou sua integração com a população já presente. Começaram como mercadores ambulantes e, ao longo das gerações, seus negócios evoluíram até se tornarem lojas e oficinas.

 

A última onda veio da Europa Oriental, após o fim da Primeira Guerra Mundial, em 1918. A maioria dos judeus utilizava o México como um degrau para chegar aos Estados Unidos, mas em 1924, políticas de imigração mais rígidas foram adotadas pelos EUA e os imigrantes não tinham outra opção a não ser permanecer no México. Esta terceira onda acabou causando sendo a causa da fundação da primeira congregação Ashkenazi, Niddehei Israel, em 1922, que começara como uma Chevra Kadisha e se desenvolveu até virar uma Kehillá completa. A Federação Sionista também foi um produto deste movimento.

 

Essa terceira onde de judeus causou uma divisão entre os Ashkenazim, cuja população aumentara no século XX, o que aumentou a utilização do Yiddish, excluindo o Ladino. Em 1925, os Sefaradim fundaram sua própria Federação Sionista, B’nai Kedem. Essa divisão na comunidade judaica mexicana é uma questão importante até hoje.

 

Quando os judeus chegaram ao México, no início, podem ter sido olhados com certa desconfiança por uma população 97% católica, mas fora algumas poucas exceções, os judeus têm sido tratados muito bem no México. Hoje em dia, judeus ocupam posições altas no governo, nos negócios, na mídia, etc. Muitos emigram para os EUA, quando possível. Existem entre 40.000 e 50.000 judeus no México, 37.000 dos quais vivendo na Cidade do México, cidade esta que abriga 23 sinagogas, 12 escolas judaicas e diversos restaurantes kosher. Outras comunidades podem ser achadas em Guadalajara, Monterrey, Tijuana Cancun e San Miguel.

 

Estão presentes no México os seguintes movimentos juvenis: Hashomer HaTzair, Bnei Akiva, Betar, B’nai Brith, Beiachad, Dor Chadash, Habonim Dror, Hanoar HaTzioni, Hechalutz LaMerchav, Maccabi HaTzair e o Tnuat Noar Chinuchi Dati Yachad LeOlam.¹

 


1. Esta lista é imprecisa, pois as diversas fontes consultadas divergiam muito.